quarta-feira, 21 de março de 2012

Politica - Luizianne aposta no PT unido, na aliança e na gestão


Segundo a prefeita, o PT unido, a manutenção da aliança com PSB e PMDB (que ela ainda tenta) e os números positivos de sua gestão podem levar à vitória o candidato das forças políticas que hoje administram Fortaleza
Luizianne Lins em seu gabinete, no Paço Municipal, traçou cenário o processo eleitoral em Fortaleza e procurou demonstrar otimismo
O estilo impetuoso da prefeita Luizianne Lins está mantido sob controle. Aflora, nos dias atuais de articulação voltada para as eleições municipais de 2012, sua capacidade de administrar crises internas, segurar emoções no partido e manter a
unidade interna para as conversas com o PSB do governador Cid Gomes e o PMDB do senador Eunício Oliveira. Não tem sido fácil.


Luiziane diz continuar à espera de uma ligação de Cid para os dois terem a conversa que, na expectativa dela, pode ser definitiva para o cenário eleitoral fortalezense.  Enquanto olha para fora do PT, a prefeita, e presidente da executiva estadual do partido, se esforça para segurar os ânimos e evitar brigas internas. Aliás, a unidade partidária é um dos aspectos do momento mais ressaltado por ela. Pré-candidatos em Fortaleza, Acrísio Sena, Artur Bruno, Camilo Santana, Elmano Freitas e Guilherme Sampaio protagonizam uma surpreendentemente calma  disputa pública pelo direito de ser indicado candidato do partido e, talvez, da aliança. Luizianne faz um silencioso movimento, agora, para conseguir um consenso antes mesmo da consulta e definir o nome petista sem a necessidade das prévias.

A manutenção da aliança, mais o desfile de realizações que a prefeita considera que sua gestão acumulou em dois mandatos, seriam os dois outros componentes que, ao lado da união petista, garantiriam a força de uma candidatura situacionista. Pelo menos nas contas políticas de Luizianne, que conversou com O POVO em pleno feriado de São José.

O P – A aliança entre PT, PSB e PMDB será mantida em Fortaleza para 2012?
Luizianne Lins – Sem dúvida. A movimentação que tenho feito é na perspectiva de mantermos a aliança política e, consequentemente, manter o projeto político e administrativo de Fortaleza, uma aliança importante e que, de fato, vem fazendo com que a cidade.... Vou deixar uma Fortaleza completamente diferente daquela que recebi. Não tenho a menor dúvida de que a força dessa aliança fará possível a continuidade do projeto político em Fortaleza.

OP – O direito do PT de indicar o nome para a cabeça de chapa parece um consenso. Diante disso, a senhora diria que o partido está oferecendo bons nomes à aliança, a partir da lista de pré-candidaturas definida?
Luizianne – São cinco excelentes nomes e, apesar de todos falarem, o PT segue unido no processo. Todos cinco têm tido um grau alto de respeito, uns em relação aos outros, em relação ao partido, em relação à coordenação do processo, então, eu acho que o partido está maduro, está preparado. São cinco nomes, cada um com suas características, com suas qualidades, de grande qualidade para governar Fortaleza. Tenho certeza que o saldo que sairá desse processo de debate, de discussão, será positivo.

OP – A senhora defende as prévias internas ou acha que elas deveriam ser evitadas?
Luizianne – Acho que, talvez, ainda perdure no imaginário de muitas pessoas que a prévia seja um processo de desagregação. Embora não concorde com esta visão, considere as prévias um processo democrático, político, através do qual nosso partido ousou e, hoje, tem isso como processo natural. já havendo partidos de direitos repetindo-o, acho natural. Agora, em compreendendo que para muitos agentes políticos, muitas lideranças, a prévia seria um processo de desgaste, posso dizer que não se trata da primeira opção. Não vamos ter a prévia como primeira opção, ou seja, lutaremos para que seja construída uma candidatura de consenso. Muito embora, costume dizer que não descarto a ideia de, sem consenso,  termos que recorrer a ela como um processo democrático interno do nosso partido.

OP – A senhora diz ter consciência de que deixa uma cidade melhor do que aquela que encontrou. Quanto ao que deixou de ser feito, qual autocrítica pode ser feita?
Luizanne – Acho que, primeiro, as pessoas precisam compreender o que era Fortaleza em 2005. A verdade é que estamos falando de um projeto político, embora as pessoas fiquem falando muito de nomes, é este, é aquele, mas o que está em jogo no processo eleitoral de 2012 é a continuidade de um projeto político. Como tenho tranquilidade, tenho consciência, de que foi feito o melhor possível, de que essa cidade foi toda diagnosticada através do primeiro Programa de Governo, onde tínhamos muito claro o que era possível fazer naquela primeira gestão. Tínhamos uma cidade com dificuldades de recursos financeiros, tínhamos que captar recursos externos, então, a gente entendeu que no primeiro mandato deveria servir para melhorar o serviço público onde a maioria da nossa população dependia dele, precisava dele. Na educação, na saúde, na habitação popular, no transporte público etc. O resultado é que, hoje, temos, tarifa de sistema integrado das mais baratas do Brasil, estamos fazendo o maior programa habitacional que Fortaleza já viu, eliminados 16 áreas de risco, quando até o ano em que assumi o quadro só se agravava, o número de áreas de risco só aumentava. Hoje as pessoas estão morando com dignidade, em casas urbanizadas. Na área da saúde saímos de 15 por cento para 40 por cento, logo no primeiro ano de governo, dentro do Programa da Saúde da Família, o que fez com que tivéssemos uma redução de 60 por cento na mortalidade infantil, tivéssemos redução de 50 por cento na mortalidade materna. Nós temos hoje dentistas concursados na rede pública atendendo às pessoas, coisa que não existia até então em Fortaleza. Há ainda, hoje, uma educação com muito mais qualidade, com Plano de Cargos, Salário e Carreira do professor aprovado, incorporação de aditivo, temos fardamento escolar para toda a rede, colocamos à disposição do estudante uma alimentação com qualidade, são três refeições. No passado, merenda escolar era caso de polícia. No caso das creches, recebi todas as 55 unidades fechadas, hoje não 130 funcionando perfeitamente, com cinco refeições diárias, crianças sendo bem atendidas, fardamento completo, agenda escolar. Recebi Fortaleza com cerca de 98 mil famílias cadastradas no Bolsa Família e hoje são quase 200 mil famílias, são mais de 100 por cento a mais, havia uma subnotificação de famílias na cidade. Fortaleza foi a primeira capital que fez o Fortaleza Sem Miséria, repetindo programa do Governo Federal, é a primeira capital que está fazendo a busca ativa atrás das pessoas, enfim, são muitas e muitas coisas. Sem falar nas obras de infraestrutura, sem falar no Transfor, no Drenurb, no Preurbes, um programa de requalificação urbana, sem falar no Vila do Mar, com 5 quilômetros e meio de reurbanização de uma área completamente deteriorada da cidade, sem falar do Paço Municipal, que estava às traças, cheio de rachaduras, caindo, sem falar da recuperação do Passeio Público, na recuperação de toda a infraestrutura da Praia de Iracema, das obras em curso, como é o caso do Morro Santa Teresinha, [é o caso da Praça do Futuro, ainda agora em março assino a ordem de serviço para recuperação do sistema viário de toda a Praia do Futuro, vamos começar a licitação do mercado dos Peixes e vamos deixar o dinheiro em caixa para obras da Beira Mar, sem falar no Cuca da Regional I, estou entregando agora o Cuca da Regional V, que está quase pronto, da Regional VI, no São Cristovão, quase concluído, são equipamentos de 14 mil metros quadrados, estou entregando o Hospital da Mulher, uma obra de 80 mil metros quadrados de área, de 27 mil metros quadrados de área construída, que vai ser referência nacional em cuidados de saúde dos direitos reprodutivos das mulheres,  temos hoje uma política de cultura, que Fortaleza não tinha. Objetivamente construída, que faz com que Fortaleza não tenha mais sazonalidade  na sua ocupação. Fortaleza é a capital do Nordeste que mais gera empregos desde 2005, segundo dados do Ministério do Trabalho; é a cidade do Nordeste mais visitada, é a terceira mais visitada do Brasil, reduziu nos últimos cinco anos em 15 por cento o índice de vulnerabilidade, ou seja, os mais pobres estão vivendo em condições melhores. É uma pesquisa importante que saiu favorável a nós. Fortaleza é a capital do Nordeste que mais gera empresas, além dos empregos de carteira assinada de que falei. Fortaleza, enfim, vive um ciclo de prosperidade, a cidade está mais forte, está recuperando a autoestima do seu povo. No meu primeiro programa de Governo, lembro, uma das coisas de que mais falávamos era da autoestima do fortalezense, a cidade na época não fazia com que as pessoas se sentissem parte. Isso, acho, nós conseguimos resgatar.

OP – O candidato da aliança, portanto, vai ter o que mostrar e o que dizer?
Luizianne – Não tenho a menor dúvida. Falei pra você dezenas de projetos, sem falar em coisas básicas, como o fato de termos adquirido 62 novas escolas. Teremos criado 900 salas de aulas em nosso governo, dentre outras coisas. A estruturação da Defesa Civil nos permitiu que, até hoje, graças a Deus, nenhum fortalezense fosse vítima de desastre natural, das chuvas, em especial. Quando nós recebemos a prefeitura a referência em Defesa Civil era estadual, não existia Defesa Civil municipal. Você lembra? Hoje, nosso sistema é integrado ao Ciops, é outra coisa, é outra forma de pensar a cidadania em Fortaleza. Não tenho a menor dúvida de que as pessoas irão, pouco a pouco, adquirindo conhecimento sobre as profundas transformações que a nossa cidade passou. Inclusive na cultura política, hoje temos uma política de direitos humanos, temos uma secretaria de Mulheres que pensa políticas específicas para as mulheres, criamos a Casa Abrigo, criamos o Centro de Referência Francisca Clotilde, criamos uma outra casa de referência municipal, temos política de combate à violência contra a mulher, temos uma política com relação à casa própria que dá prioridade à mulher, temos uma política de jovens, que coordena junto com  outros o Cuca, fazemos, hoje, uma política voltada para a Juventude, formamos mais de 16 mil jovens no Pró-jovem Urbano, nós temos uma coordenadoria de Pessoas com Deficiência, hoje são 12 mil gratuidades no sistema de transporte público, com 70 por cento para acompanhantes, 100 por cento de todas as obras da prefeitura, desde que assumi, tem acessibilidade. Na linha das grandes obras, ainda, tem o estádio Presidente Vargas, reconstruído, modernizado, completamente acessível, o Paço Municipal do mesmo jeito, inclusive com piso podotátil para cegos. Há políticas específicas para os homossexuais, luta contra a homofobia, temos política para os negros, quer dizer, há toda uma política de direitos humanos, construída, trabalhada. Fortaleza não será mais a mesma e quem não souber dialogar com essa Fortaleza que se recuperou, se reconstruiu nos últimos anos, com certeza não vai ter qualquer sucesso, muito menos diálogo, com a cidade.

OP – O eleitor escolhe, em 2012, também o prefeito da Copa. Há atrasos nas obras relacionadas ao evento?
Luizianne – Nós já começamos as nossas obras. Das seis obras que integram o que chamamos de matriz de responsabilidade da Copa do Mundo, quatro estão no âmbito do Município. Os recursos estão captados, cerca de 262 milhões de reais..

OP – Mas, o cronograma das obras não está atrasado?
Luizianne – Não. Está tudo rigorosamente... em dia. Já dei a ordem de serviço, cerca de dois meses atrás, as obras de mobilidade relacionadas à Copa foram iniciadas, em relação ao que Fortaleza ficou de fazer. Incluindo o Presidente Vargas, que precisou corrermos com a obra para que ela desse espaço ao Castelão. A prefeitura vem cuidando do seu papel e, inclusive, fazendo mais do que isso. Por exemplo, a obra da Beira-Mar, que é coisa para dois anos, deve começar agora, a própria questão da praia do Futuro. Isso tudo prepara a cidade de uma forma ou de outra para a Copa do Mundo. Afora o dinheiro que vou deixar captado para vários projetos, como falei da Beira-Mar, mas poderia citar aqui também o projeto chamado Aldeia da Praia, que já está todo feito, todo organizado, com recurso captado da ordem de 76 milhões de reais, dinheiro do PAC 2, obra que vai englobar ali o Serviluz, Farol Velho, tudo num contexto de projeto, dinheiro em caixa, que deixaremos. Como também deixarei os recursos do Transfor 3, então, existe uma cidade que está perseguindo a sua reconstrução, tanto da estrutura física como do seu espírito. Agora, claro que sempre haverá a turma do contra, interpretando o fato como lhe convém.  Nestes casos, só resta fazer uma discussão séria com os aliados. Cid é meu aliado, é importante dizer isso, ele tem se comportado como meu aliado. Da mesma forma que eu tenho me comportado em relação a ele.

Acho que quando resolvemos apostar no Cid, em 2006, a expectativa era essa, de construir um projeto de poder, de governo, que, de fato, transcendesse a mesquinharia e pudesse ver além, pudesse olhar para o futuro de Fortaleza e do Ceará. Basta lembrar que em 2004, quando ganhei a eleição, o governador era Lúcio Alcântara, então no PSDB, o prefeito era Juraci Magalhães, do PMDB, os senadores eram de outras correntes, era o Tasso etc. Seis anos depois, um tempo curto na política, o cenário é totalmente outro.  De fato, essa aliança é vitoriosa e eu espero que ela continue, tenho trabalhado fortemente para isso.

OP – O que falta, então? No tamanho que ela tem hoje, dá mesmo para imaginar que seja possível manter a aliança? O PCdoB, por exemplo, já se movimenta com mais clareza por uma candidatura própria em Fortaleza.
Luizianne – Acho natural que algumas candidaturas se coloquem, que alguns partidos manifestem o desejo de disputar com nome próprio etc. Sempre defendo que as pessoas paguem a dor e a delícia de assumirem suas posições, sejam elas quais forem.


Agora, na política, tudo que se faz tem sua consequência, política não é um campo neutro, nem um campo de neutralidade. O que acho muito possível é termos na aliança, como eixo central dela, o PT, o PSB e o PMDB. É possível que ela seja mantida se mantivermos todos antenados sobre o momento pelo qual passam a cidade de Fortaleza e o Estado do Ceará. Até porque, certamente, o cenário de 2012 terá reflexo sobre o cenário de 2014.

OP – O que a senhora quer dizer quando afirma que o fato de a aliança não se confirmar em Fortaleza, para 2012, poderia implicar numa ida do PT para a oposição. Não seria uma ameaça ao governador?
Luzianne – Primeiro,  é preciso deixar claro que isso não significa nenhum tipo de situação difícil na qual eu queira colocar..

OP – Nem é ameaça?
Luizianne – Não é ameaça, nada disso. Foi uma resposta a uma pergunta jornalística, onde quis dizer que é natural um partido que não esteja na base seja oposição. A neutralidade não é uma característica da política. Eu quis dizer o seguinte: qualquer movimento que se faça na política tem consequência. Romper uma aliança ou mantê-la tem consequência. O que disse não tem o sentido de tensionar, como, infelizmente, tem gente que trabalha e tem o vício de promover a desgraça para lucrar com ela. Infelizmente, há quem tenha isso como modus operandi. O que quis dizer é que lamentaria profundamente, da minha parte, se tivesse de haver essa situação de rompimento da aliança e, como seria natural, deixando de fazer parte da base, o partido faria oposição. Estou tranquila, tenho como característica ser muito franca, sincera nas minhas colocações, e muitas vezes a gente tem o ônus disso, que é ser mal interpretada, ou, por outro lado, alguém interpretar de maneira equivocada para tirar proveito. É assim que me comporto, não tem meia aliança comigo, estou trabalhando, todos os meus movimentos , quando converso com o Rui Falcão, quando conversei como Eunício, foi sempre no sentido de manter a aliança política com PSB, PMDB, PV e outros partidos que hoje estão conosco no governo.

OP - E a conversa da senhora com o governador Cid Gomes, que é interlocutor do PSB, por que não sai? Por que está demorando a acontecer?
Luizianne – Estou aguardando o momento em que o governador venha conversar. Até por respeitar a liderança dele, como governador e como liderança do PSB, estou aguardando que a conversa seja feita, aconteça. Agora, como presidente estadual do PT sou muito cobrada, o tempo inteiro e é natural que também tenha algumas iniciativas políticas. Acho que essa conversa (com Cid)  vai ser importante, definitiva, e é a ele que tenho que me reportar. O diálogo que tenho com o governador é tranquilo, transparente..

OP – A senhora é otimista?
Luizianne – Sou, pois não vejo motivo objetivo para que a aliança venha a se romper. A gente tem tudo para garantir que essa aliança vitoriosa se mantenha.

OP – Quais os planos para a partir de quando deixar a prefeitura de Fortaleza, após oito anos, em janeiro do próximo ano. As eleições de 20914 estão no horizonte da senhora?
Luizianne – Já expressei  que tenho uma necessidade muito grande de me dedicar a mim. Comecei tudo isso muito jovem, sem ser filha do poder político, sem ser filha do poder econômico, então, vivi muito para os outros, para tentar colaborar da melhor forma com a vida dos outros, especialmente os mais pobres, os mais discriminados, os mais frágeis. Preciso de um tempo para olhar pra dentro de mim, fazer coisas que as pessoas no seu dia-a-dia têm vontade. Estudar mais, ler mais, ir para o cinema, ter filhos e coisas desse tipo. Quero ter o direito humano de optar por essas coisas e, em função disso, de (23:51)..., em 2014 pode acontecer qualquer coisa. Dependendo das circunstâncias, do ambiente político criado, posso atuar apenas como cabo eleitoral, ajudar a eleger os candidatos do partido ou da coligação. Mas, claro, também posso ser candidata, posso estar no jogo em qualquer circunstância, caso opte por ficar na esfera pública. Nesse momento, a indefinição se deve ao fato de estar em dúvida quanto à permanência na esfera pública da forma como estou hoje.  Dependendo da circunstância, e no caso de o PT precisar de mim, em 2014 posso estar em qualquer missão política como até hoje fiz.

OP – A senhora cumpre o segundo mandato no executivo, mas, antes, foi parlamentar na Câmara de Vereadores e na Assembleia. Já pode fazer alguma reflexão sobre as diferenças entre as duas perspectivas, a do Legislastivo e a do Executivo?
Luizianne – Já, já. Tenho uma curiosidade pessoal grande de entender como é que um parlamentar, depois de passar pelo Executivo, como é que ele se comporta. Já fiz esse exercício de pensamento, porque é uma outra forma de você ver uma mesma situação. Não é que você mude de posição, nem de posicionamento, mas é um outro olhar. Eu, particularmente, tenho vários olhares, já participei de movimentos sociais, assumi mandato de vereadora, vi da universidade a política, vi a política também de fora da universidade, vi como parlamentar estadual e vi como executiva, então, a minha formação jornalística me faz também perceber, em cada uma dessas esferas, desses ambientais que participei, entender muita coisa, possa dialogar com determinadas situações. Não veria problemas em voltar para o legislativo, se fosse este o caminho, e acho que, embora me posicionando da mesma forma em relação ao que penso, talvez visse de outra forma e tentarei colaborar de outra forma com o Executivo.

OP – A Luizianne Lins líder sindical e do movimento social aprovaria a Luizianne Lins prefeita?
Luizianne – Não tenho a menor dúvida. Por quê? Porque não mudei nada, absolutamente nada. Vem com esse senso comum, que antes fazia movimento social e hoje é contra a greve. Eu não sou contra a greve. Foram sete anos de governo, até agora, convivendo em absoluta naturalidade com os diversos movimentos, mas, costumo dizer, exatamente por vir disso, saber como acontece, sei como era doido fazer uma greve. Sei como ficávamos angustiados, aflitos, preocupados com a possibilidade de desconto dos dias parados, como sei que tudo isso faz parte do processo, que muitos tombaram para termos o quadro democrático de hoje, é que costumo dizer: greve não é brincadeira, não se brinca de fazer greve! É coisa séria, prejudica pessoas que muitas vezes não têm nada a ver com aquilo. Greve é só quando não há negociação, é quando há intransigência do outro lado..

OP – A senhora sempre pensou assim?
Luizianne – Sempre, sempre pensei assim. Tanto é que quando eu fazia greve na época da Emlurb, com os garis, sofria a pressão natural de quem estava num processo de greve. E, toda vez, os dias parados entravam na negociação, exatamente porque, insisto, greve não é n brincadeira. É momento de aflição, de conflito, então, penso exatamente como antes, continuo respeitando o direito de greve e acho quem, cada vez mais, as pessoas deveriam levar a sério. Especialmente porque o governo mudou, uma coisa é o governo que eu combatia, no movimento estudantil ou como vereadora, e outra é um governo como o nosso. Vou terminar o mandato com 95 por cento de ganho real para o funcionalismo público municipal, com 14 planos de Cargos e Carreiras aprovados pela Câmara de Vereadores, coisa que nunca existiu. Fui servidora pública municipal durante dez anos e, quando entrei, em 1995, não havia nem data para ser pago o salário. Em fevereiro de 2005, segundo mês de governo, criei um calendário de pagamento do funcionalismo que nunca atrasei um dia sequer em sete anos, quase entrando no oitavo. Há uma série de prerrogativas, de ganhos, que temos consciência que aconteceram, embora, naturalmente, nunca as pessoas estarão paradas, satisfeitas. É natural do ser humano a busca de melhoria, por um lado, enquanto pelo outro exista, na minha opinião, também uma exploração eleitoreira no sentido de jogar pessoas contra o nosso governo. Penso do mesmo jeito, diagnosticamos a cidade da mesma forma, tenho os mesmos valores e vou sair do mesmo jeito que entrei no sentido do que eu penso, da inversão de prioridades na qual acreditava nós realizamos.

OP – E a vereadora Luizianne Lins, o que diria da prefeita?
Luzianne – Queria ia ter sido vereadora quando a prefeita era Luizianne Lins. Certamente, iria colaborar muito com, o governo, fazendo o papel de representante da sociedade civil perante o governo. E, com certeza, teríamos feito muitos gols de placa juntos.

OP – A gestão Luizianne tem dado à Câmara de Vereadores condições de funcionar com independência?
Luizianne – Acho que sim. Venho de lá e tenho profundo respeito pelos vereadores, sejam eles da situação ou da oposição.

Sei que o vereador é um dos políticos mais cobrados pela sociedade, ninguém nunca me viu com ingerência direta sobre a Câmara. A relação sempre foi respeitosa, horizontal, de diálogo.

OP – A senhora considera que no empenho pessoal que demonstrou para eleger Acrísio Sema presidente da Câmara, o limite do respeito foi mantido? Ali não houve ingerência?
Luizianne – Minha participação foi no nível do convencimento, do diálogo...

OP – Para mostrar que tinha um candidato?
Luizianne – Não, para que nós tivéssemos uma relação respeitosa com a Câmara e harmoniosa para a cidade. Onde não houvesse mesquinharia de briga e a cidade perdesse com isso. Acho que nós temos hoje uma base aliada muito tranquila, independente no sentido de dialogar, de se posicionar.

OP – O ritmo das obras da prefeitura de Fortaleza, na gestão da senhora, não tem deixado a desejar,. Não parece muito lento?
Luizianne – Acho que tem muitas falas que se repetem sobre isso sem uma análise mais profunda das obras públicas, de uma forma geral.  Falo das obras federais, das estaduais e municipais. O Vila do mar, que vinha de antes, do governo do PSDB estadual, que se chamava Costa-Oeste, era um projeto muito menor, vinha há dez anos ali e não acontecia nada. O ritmo é ditado pelas condições, os recursos, pela própria iniciativa privada, em alguns momentos, também é responsável por atraso.

Acho é que, mesmo levando em conta tudo isso, estamos concluindo praticamente todos os grandes projetos e, o que não for concluído por nós, os processos serão passados ao meu sucessor licitados, encerrados e resolvidos.

OP – Fizemos uma série de perguntas aos vereadores de Fortaleza na edição de domingo último e pelo menos uma delas eu gostaria de apresentar também à prefeita. A senhora matricularia seu filho uma escola pública municipal?
Luizianne – Nós estamos lutando para que essa circunstância seja cada vez mais real. Claro que ninguém consegue recuperar um processo histórico, fiscalizei como vereadora, fui presidente da Comissão de Educação da Câmara e vi em escolas bebedouros que funcionavam com potes. Tenho as fotos, lousa que funcionava com porta de geladeira, fiscalizei merenda escolar que tinha só macarrão e óleo, vencidos no prazo, inclusive, eu vi tudo isso. Hoje, estou deixando uma outra escola pública e quero chegar na situação dos meus sonhos, em que possamos, sim, matricular nela os nossos filhos. Como não se resolve isso da noite para o dia, é um processo, que envolve comunidade escolar, professores, diretor, poder público, sociedade como um todo,  ainda não chegamos lá.

VENTILAÇÕES

“DEPENDENDO DA CIRCUNSTÂNCIA, E NO CASO DE O PT PRECISAR DE MIM, EM 2014 POSSO ESTAR EM QUALQUER MISSÃO POLÍTICA COMO ATÉ HOJE FIZ”

“EU QUIS DIZER QUE QUALQUER MOVIMENTO QUE SE FAÇA NA POLÍTICA TEM CONSEQUÊNCIA. ROMPER UMA ALIANÇA OU MANTÊ-LA TEM CONSEQUÊNCIA”

OS NÚMEROS DA PREFEITA

16
áreas de risco foram eliminadas, quando até o ano em que assumi o quadro só se agravava, o número de áreas de risco só aumentava”

60
por cento foi a redução na mortalidade infantil, quando saímos de 15 por cento para 40 por cento, logo no primeiro ano de governo, dentro do Programa da Saúde da Família”

80
mil metros quadrados de área, de 27 mil metros quadrados de área construída, tem o Hospital da Mulher, que vai ser referência nacional em cuidados de saúde dos direitos reprodutivos das mulheres”

900
salas de aula novas terão sido criadas pelo meu governo ao final dos oito anos. No período, 62 escolas foram adquiridas





Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo

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