sexta-feira, 30 de março de 2012

Professor do CE é barrado em banca de concurso por estar de bermuda



Professor da UECE postou foto no Facebook após ser impedido de participar de seleção de professor substituto por estar vestindo bermuda  (Foto: Alexandre Araújo Costa/ Arquivo Pessoal)Comissão impediu professor de avaliar candidatos no domingo (29).
Depois da restrição, ele lançou a campanha 'Fazemos ciência de bermuda'.


Um professor universitário foi impedido de participar da avaliação de candidatos à docência na Universidade Estadual do Ceará (Uece) no domingo (25) por estar de bermuda. “Me disseram: 'com essa roupa você não pode participar'. Achei que estivessem brincando, mas era sério. Não costumava ir com essas vestimentas para a universidade, mas, além de ser domingo, a qualificação iria até 13h e em uma sala sem refrigeração, então, botei uma roupa correta. Minha bermuda, inclusive, cobria o joelho'', afirma Alexandre Araújo Costa. Ele decidiu lançar a campanha "Fazemos ciência de bermuda”.
A Uece informou que cumpriu normas estabelecidas pela instituição, que preveem a proibição da entrada de professores ou alunos usando roupas como bermudas, a exemplo do traje que usava o professor .

“Para mim foi um choque. Passei cinco anos estudando nos Estados Unidos e todo mundo adotava roupas apropriadas no verão. Muita ciência boa é feita de bermuda nos países do Norte”, diz o professor Alexandre Araújo Costa, 42 anos, doutor em Ciências Atmosféricas pela Colorado State University, com pós-doutorado na Universidade de Yale. Por causa do incidente, a seleção de professor foi adiada, o que prejudicou os cinco candidatos à vaga.
Repercussão
O professor lançou uma campanha no departamento de Mestrado em Física para estimular o uso de roupas leves e iluminação natural nas salas:“vamos usar bermudas na maior parte do tempo e, inclusive, realizamos uma qualificação de mestrado ontem (28) com candidato, orientador e audiência vestidos de bermudas”. Segundo ele, o protesto também foi seguido pelos alunos do departamento de computação, que lançou o “Dia da bermuda” no curso.

Costa decidiu postar fotos dele de bermuda no Facebook, onde o conteúdo foi compartilhado e gerou debate na rede social. “Postei as fotos para atingir o público universitário e acabei levantando a discussão de que o tamanho da minha calça não é relevante, mas sim o conteúdo produzido na universidade”, conta. No texto publicado em seu perfil, o professor mostra-se revoltado com a relevância que o traje usado por ele.
O professor e integrante do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas reitera a atitude pelas condições do tempo de Fortaleza. "Existe um puritanismo de exigir roupas longas no calor dos trópicos, o que é burrice e nós que sabemos que o verão é eterno em Fortaleza. Tem também um quê de machismo, pois se fosse uma mulher com a bermuda do mesmo tamanho que minha dificilmente seria barrada”, afirma.
Solidários ao professor, candidato, audiência e participantes de banca foram à qualificação de Mestrado vestidos de bermuda (Foto: Alexandre Araújo Costa/ Arquivo Pessoal)Solidários ao professor, candidato, público e participantes de uma banca foram à qualificação de Mestrado vestidos de bermuda (Foto: Alexandre Araújo Costa/ Arquivo Pessoal)








Postada:Gomes Silveira
Fonte:G1

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