quarta-feira, 11 de abril de 2012

Para não ficar refém de Cid Gomes



Os últimos dias mostraram os primeiros resultados práticos das articulações eleitorais de Luizianne Lins (foto). Em menos de uma semana, houve novidades em diversas frentes de articulação interna e externa, que fortaleceram a posição do PT e da prefeita, em particular. Até então, o partido que administra Fortaleza parecia estar nas mãos do PSB. Se houvesse entendimento com a sigla governador Cid Gomes, atrairia para sua base também o PMDB e vários dos pequenos. Na hipótese de a coalizão com o Palácio da Abolição se romper, havia perspectiva bastante concreta de isolamento petista na disputa pela maior Capital hoje administrada pela legenda. Em poucos dias, contudo, foram anunciados compromissos firmados com três siglas. Para quem nem candidato definido tem, não é pouca coisa. São entendimentos incondicionais - coisa rara nas coisas do poder, e cuja contrapartida é de se questionar. PV, PTC e PTN deram cheque em branco para o PT e para a prefeita Luizianne Lins. Já havia pacto também encaminhado com PTdoB e PSC. São pouco mais que inexpressivos, é verdade. Fora o PV, não representam nenhum acréscimo de conteúdo político perante o eleitorado. Mesmo o mais escolado observador das movimentações partidárias teria dificuldade em apontar qual a formulação ideológica por trás de PTdoB, PTN, PSC e PTC - sobretudo esse último, que dormiu oposição e acordou incondicionalmente governista. O tempo de TV agregado pelos cinco, somados, é aproximadamente a metade do que o PSB traria. Na comparação com o PMDB, menos ainda. Mesmo assim, já trazem alguns bons minutos adicionais ao PT que, isoladamente, já teria a maior parcela no horário eleitoral. E, sobretudo, afastam a perspectiva de isolamento. Há outras conversas em curso.


O recado é evidente: Luizianne cai em campo para não ficar totalmente dependente de Cid Gomes. A prefeita deseja o acordo, mas não teme o rompimento. Os dois lados falam em entendimento. Porém, o PSB prepara as bases para a eventualidade de ter candidato próprio. Também o PT empreende diversos movimentos para estar preparado caso a aliança seja rompida. Além da trincheira externa, há a movimentação interna.

A OPÇÃO DE ACRÍSIO
A saída de Acrísio Sena da lista de pré-candidatos do PT e a sinalização de apoio a Elmano de Freitas muda radicalmente a disputa interna que caminhava para o impasse. O presidente da Câmara Municipal vinha sendo o principal líder do bloco de quatro pré-candidatos que tentavam superar a preferência da prefeita por seu secretário da Educação. Foi Acrísio quem iniciou o movimento contra a realização de prévias. A estratégia interessava a Elmano, única das alternativas petistas a nunca ter disputado eleição, enquanto todos os demais exercem mandato parlamentar. As prévias seriam, então, oportunidade para se tornar mais conhecido. O golpe definitivo foi dado em 23 de março. Em almoço com Luizianne, os outros quatro postulantes à indicação para prefeito disseram que não se inscreveriam caso fosse haver votação entre todos os militantes petistas. Com a recusa, as prévias foram abortadas. No fim do ano passado, Acrísio havia firmado compromisso para apoiar Waldemir Catanho. Quando o articulador político da Prefeitura anunciou a desistência, em janeiro, o Palácio do Bispo acreditou que a adesão a Elmano seria automática. Estavam enganados. O vereador, então, se indispôs com a prefeita. Em paralelo, Acrísio era apontado por gente do PSB como mais palatável das opções petistas depois de Camilo Santana. Diante do desgaste com Luizianne, o parlamentar vinha se mostrando visivelmente contrariado. Sua saída da disputa é decorrência da resistência encontrada no Executivo.

Além dele, Guilherme Sampaio também pode sair. Dos pré-candidatos, era ele quem se movimentava com menor intensidade. E admitia que a hipótese mais factível era buscar a reeleição como vereador. Restam Artur Bruno e Camilo Santana. Nessa perspectiva, o desenho das prévias fica mais claro. Elmano é o candidato da prefeita. Camilo é apoiado por José Guimarães e tem a simpatia do Palácio da Abolição. Bruno é o meio termo.

O DESAFIO DO CONSENSO
Os pré-candidatos firmaram pacto para evitar disputa. Apenas um nome será submetido aos delegados no dia 20. Até lá, buscarão o consenso. O grupo de Luizianne trabalha por Elmano. Bruno pretende persistir até o fim. E Camilo já demonstrou hesitação antes. Foi cogitado para concorrer a prefeito de Juazeiro do Norte e largar a disputa em Fortaleza. No fim do ano, sua candidatura foi dada como enterrada, mas foi ressuscitada pelas movimentações de Guimarães. Contudo, a avaliação no PT é que o próprio deputado federal não está disposto a levar a opção por Camilo às últimas consequências.

DIA QUENTE DA ASSEMBLEIA
É grande a expectativa para a sessão de hoje na Assembleia Legislativa. Depois que o Governo se portou de modo firme com a empresa que opera a concessão de crédito consignado, a base aliada não tem a mínima condição de sustentar o discurso de normalidade mantido até então. A oposição deve fazer a festa. A curiosidade é sobre o comportamento de Welington Landim (PSB), Carlomano Marques (PMDB) e Antônio Carlos (PT). Aliás, o fato de esse último ter se reunido ontem com o secretário Eduardo Diogo já demonstra inflexão na postura da tropa de choque do Palácio no Legislativo. Uma aposta: os líderes irão argumentar que o assunto já está sendo apurado pela Seplag e, portanto, a Assembleia pode permanecer de braços cruzados. Afinal, não é sempre assim?





Postada:Gomes Silveira
Fonte:O Povo

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