O velório do escritor Millôr Fernandes, que é aberto ao público e reúne amigos e familiares do escritor, começou por volta das 10h20 desta quinta (29), no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na zona portuária do Rio. À tarde, o corpo do jornalista será cremado.
Millôr morreu na noite de terça, aos 88 anos, em sua casa no Rio. De acordo com a família, ele sofreu falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.
Ivan Fernandes, 58, filho de Millôr, disse estar muito emocionado em ver personalidades das mais diversas áreas --do humor ao desenho, das artes plásticas ao teatro-- reunidas para prestigiar seu pai. "São mais de seis décadas de trabalho. Você se deparar de repente com todas essas seis décadas em menos de 24 horas é uma dose pesada para digerir", disse.
Segundo Ivan, que agradeceu a todos pelo carinho, o que definia Millôr como profissional era "o amor pelo trabalho".
Das lições de vida que guarda de seu pai, a mais marcante é "nunca usar o humor para humilhar ninguém". "Uma coisa que ele me ensinou que é importantíssima é que o humor pode ser uma arma de ataque muito forte, mas jamais a use para humilhar ninguém", explica.
"Ele tinha uma coisa muito impressionante que era o bate pronto, tinha sempre uma resposta na ponta da língua, não precisava ficar bolando nada, era espontâneo", lembra.
| Onofre Veras/AgNews | ||
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| Corpo de Millôr Fernandes é velado no Cemitério Memorial do Carmo, no Rio |
Um dos primeiros a chegar à cerimônia foi o ator Otávio Augusto. Ele lamentou a perda "de um grande amigo" e de "um grande artista" e disse que "a liberdade que Millôr sempre cultivou é algo inspirador".
A atriz Marília Pêra também foi ao cemitério se despedir do amigo. "Ele era um homem livre. Não tinha time de futebol, não era ligado a nenhuma religião e nem partido político. Também era um homem muito culto e engraçado", disse. "O Millôr me ajudou muito em um momento que eu estava só em minha vida. Ele me apoiou publicamente quando não era politicamente correto me apoiar", lembrou a atriz, sem explicar do que se tratava.
"Todos os pensadores internacionais batidos no liquidificador não dariam meio copo do Millôr", brincou o jornalista, escritor e colunista da Folha Ruy Castro. "Não tinha uma frase dele que não iluminasse uma conversa, que não ajudasse a compreender o Brasil e o mundo".
Millôr deixa dois filhos, Ivan e Paula, frutos de seu relacionamento com Wanda Rubino. Dois de seus irmãos são vivos: Ruth, que mora no Equador, e Hélio, proprietário do jornal "Tribuna da Imprensa".
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Postada:Gomes Silveira
Fonte:Folha
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